terça-feira, 13 de novembro de 2007

FLORBELA

Charneca em Flor
Enche o meu peito, num encanto mago,
O frémito das coisas dolorosas...
Sob as urzes queimadas nascem rosas...
Nos meus olhos as lágrimas apago...
Anseio! Asas abertas! O que trago
Em mim? Eu oiço bocas silenciosas
Murmurar-me as palavras misteriosas
Que perturbam meu ser como um afago!
E, nesta febre ansiosa que me invade,
Dispo a minha mortalha, o meu bruel,
E já não sou, Amor, Soror Saudade...
Olhos a arder em êxtases de amor,
Boca a saber a sol, a fruto, a mel:
Sou a charneca rude a abrir em flor!

Florbela Espanca

2 comentários:

Vania disse...

Gosto do poema=)

DORA disse...

É o recomeçar constante nao é miga? a dor tem que ser superada e novas esperanças e objectivos terão que surgir sob pena de nao sobrevivermos por dentro...
beijinhos miga